O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro feito na noite de terça-feira (23) despertou profundas críticas na sociedade médica, cívica e política. Também gerou tensão entre governadores, entre eles João Doria, governador de São Paulo.
Em seu depoimento, Bolsonaro defendeu o fim do confinamento e criticou as ações dos governos estaduais. Em reunião, os quatro governadores do Sudeste conversaram com o presidente. O clima ficou tenso quando Doria disparou contra Bolsonaro
Bolsonaro, por sua vez, afirmou que João Doria o critica covardemente após ter segundo ele, tomado seu nome para se eleger em 2018. O presidente insinuou que nas eleições de 2022, o governador deveria lembrar suas palavras nesta reunião. Mas como tudo aconteceu? Vem ver o que os dois falaram.
A movimentação pró-quarentena e o discurso de Bolsonaro
Após a onda do coronavírus pelo mundo, o Ministério da Saúde do Brasil passou a recomendar diversos cuidados importantes para se tomar no país. Inspirados pelas recomendações médicas para evitar o contágio, os governos estaduais começaram a se movimentar e a paralisar as atividades não essenciais no início de março.
Em seu discurso do dia 23, Bolsonaro criticou os governadores e chamou de “histeria” a precaução tomada ao redor do país. Segundo ele, a imprensa é responsável por “espalhar pavor”. O presidente fez diversas afirmações baseadas na convicção de que o coronavírus se trata de uma “gripezinha” e um “viruzinho”.
A comunidade médica em massa, repudiou seu posicionamento. Algumas instituições chamaram a postura do presidente de criminosa por fazer um “desfavor” a saúde da população. O Conselho Nacional de Saúde considerou a fala do presidente uma “afronte grave à saúde e a vida da população”.
Bolsonaro voltou a situação do coronavírus para o lado econômico, mas foi criticado também por economistas, por não apresentar soluções econômicas. Governadores, o Supremo Tribunal Federal, ministros, políticos e entidades da sociedade civil se posicionaram contra a fala do presidente. Veja a repercussão aqui.
A reunião com os governadores
O discurso contrariou especialistas da saúde inclusive as orientações dadas pelo próprio Ministério da Saúde do seu governo. O pronunciamento do ministro Luiz Henrique Mandetta foi aguardado. Em longo discurso, o ministro não quis contrariar diretamente as falas de Bolsonaro, mas reforçou que o Ministério sabe da gravidade do coronavírus.
Bolsonaro então se reuniu com os governadores na última quarta-feira (25). A reunião aconteceu virtualmente apenas com os governadores do Sudeste do país, para discutir sobre as medidas que serão tomadas acerca do coronavírus. A conversa gerou conflitos entre os governadores e o presidente, especialmente João Dória, governador da cidade de São Paulo.
Doria começou afirmando que os governadores passaram 15 meses sem se reunir presencialmente ou virtualmente com o presidente. Até esse momento, o clima de tensão já era evidente, já que o governador já vem tecendo críticas ao governo federal. Assista ao vídeo abaixo.
Discussão entre Doria e Bolsonaro, veja o vídeo
Na reunião, Doria disse que lamentava o discurso feito por Bolsonaro e o momento foi de tensão. Ele disse que o presidente deveria dar o exemplo, já que a crise enfrentada pelo coronavírus no Brasil é a pior que o país já enfrentou.
Bolsonaro chamou as críticas feitas por Doria de ataque covarde e que ele “não é exemplo para ninguém”. O presidente ainda disse que o governador se elegeu “apoderando-se” de seu nome, que depois virou as costas para ele e que subiu a cabeça de Dória a possibilidade de ser presidente da República.
Bolsonaro afirmou que não aceita em hipótese nenhuma as “palavras levianas” do governador. Vem assistir o vídeo na íntegra.