No último domingo (19), o presidente Jair Bolsonaro saiu em mais um dos seu atos polêmicos. Foi na tarde do final de semana em Brasília, que aconteceu a maior aglomeração de pessoas após a instalação da quarentena.
Dessa vez, a participação de Bolsonaro na manifestação de apoiadores que defendiam, entre os assuntos, a volta do AI-5. O fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal e fim da quarentena também foram mencionados.
Além da aglomeração de pessoas nas ruas aumentando o risco de contaminação do DF, que já passa dos 800 casos confirmados de COVID-19 o conteúdo da manifestação e as falas do presidente também repercutiram.
Entenda mais sobre o caso.
O dia do Exército em Brasília
Domingo de sol em Brasília e comércio fechado. A cidade está com escolas e eventos com mais de 100 pessoas proibidos desde 11 de março. Os serviços não essenciais pararam e aqueles que podem trabalham de casa permanecem assim.
No governo da cidade, Ibaneis Rocha que foi um dos primeiros governadores a paralisar as cidades no Brasil. Após movimentação política de apoiadores do governo, Ibaneis hoje já pretende realizar a abertura total dos comércios até dia 3 maio. Contudo, até o momento o população permanecia em isolamento social.
Nas ruas, era comemorado o dia do Exército e na comemoração, uma manifestação. Entre as placas haviam pedidos de volta do AI 5 e fim de outros poderes constitucionais do Brasil. O uniforme, demonstrava qual era o público. Camisas verdes e amarelas e o discurso traduziam o povo como apoiadores de Bolsonaro.
Bolsonaro participa e discursa na manifestação
O presidente por sua vez, como já realizou em outros momentos em Brasília, não seguiu as recomendações da OMS de distanciamento social, assim como os manifestantes. Em um caminhão do exército, ele discursou ao público sem microfone entre gritos de apoio à multidão e muita tosse.
A tosse interrompeu a fala de Bolsonaro algumas vezes, mas entre os discurso o incentivo a população para “lutar pelo país”. Bolsonaro falou aos manifestantes que poderiam contar com ele para manter a democracia e a “ liberdade”.
O contraste veio dos gritos da multidão e cartazes que pediam “Intervenção Militar já” e a volta do Ato Institucional nº5, que fortaleceu a ditadura militar. O público também dizia “Fora Maia” e haviam frases contra o STF e Congresso.
O que foi a manifestação para o presidente
Como também é de costume do presidente reunir apoiadores e responder perguntas da imprensa, nesta segunda-feira (20) ele falou sobre o assunto.Sobre seu discurso e o teor da manifestação, ele disse não ser autoritário e falou sobre o que foi dito pelo público.
Para Bolsonaro, os assuntos que foram mencionados pelo público na manifestação, não aconteceram. Bolsonaro afirmou que o público saudava ao Exército brasileiro e que o restante “é tentativa de incendiar uma nação que ainda está dentro da normalidade”.
Ele afirmou que o povo quer voltar a trabalhar, algo defendido por ele. Bolsonaro disse que o povo estava nas ruas “em grande parte pedindo a volta do trabalho”, e disse que ele tem falado sobre o assunto se referindo ao desemprego. O ato aconteceu em várias cidades do Brasil confira aqui em matéria.
Bolsonaro repreende apoiador
Sobre a postura dele em relação à ditadura militar, Bolsonaro afirmou já ser presidente da República e não ter contra quem conspirar, pois já está no cargo. Ele afirmou faltar inteligência para os que o acusam de ser “ditatorial”.
Ele também se referiu a demissão de ministros dizendo que “se tiver que demitir qualquer ministro” o fará e que isso para ele não é ameaça. Bolsonaro disse que é necessário estarem dentro do que ele prometeu em sua campanha, e que um posicionamento fora disso “lamentavelmente está no governo errado”.
O discurso dele foi interrompido por um apoiador que disse “fecha o Supremo!”. Bolsonaro o repreendeu dizendo não “tem que fechar nada, dá licença aí, aqui é democracia, aqui é respeito à Constituição brasileira”. Ele também disse ao apoiador que não falasse mais isso. “Supremo aberto, transparente; Congresso aberto, transparente” concluiu.
Assista ao momento
Sobre o AI-5 ele foi perguntado, mas não quis responder as perguntas porque foram feitas por repórteres de O Globo e da Folha de São Paulo. Assista a entrevista na íntegra abaixo.
Reação jurídica a manifestação
Foi solicitado a abertura de inquérito para investigar qualquer violação à Lei de Segurança Nacional, mas não por parte do presidente e sim por parte dos organizadores das manifestações.
A solicitação feita ao Supremo Tribunal Federal foi realizada pelo procurador Augusto Aras e visa investigar se a manifestação que pedia para reeditar o AI 5. Esta foi a manifestação em que Bolsonaro discursou, mas ele não aparece no inquérito.
Do Congresso Nacional, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, publicou em sua rede social ainda no domingo que “defender a ditadura militar é estimular a desordem”. Disse também, que nesse momento em que o país avança com os casos de coronavírus, é necessário “ordem, disciplina democrática e solidariedade com o próximo”.