Um dos assuntos mais comentados pelos meios de comunicação da França nas últimas semanas foi o laicismo francês. O destaque envolve a decapitação do professor Samuel Paty há um mês atrás, o massacre ao clube parisiense Bataclan e outros tipos de crimes.
O laicismo, ou secularismo radical, se define a um princípio constitucional que tange a separação do Estado e instituições religiosas, exigindo a igualdade de todos perante a lei independente de crenças ou convicções adquiridas por cada indivíduo.
O conceito tem como fundamento principal a liberdade em acreditar ou não em uma religião, para que seja feito o pleno exercício de todos os cultos. Além de implicar que nenhuma pessoa pode ser obrigada a respeitar dogmas ou normas religiosas exigidas por qualquer fé.
Liberdade de expressão e religião engloba o princípio
As considerações de pessoas que apoiam o laicismo na França, se sustenta no artigo 1 da Constituição que diz que o país é uma república indivisível, laica, democrática e social. Ademais, o princípio é conhecido pela valorização que ele ganha em uma ideologia republicana coletiva nacional.
Com os últimos acontecimentos e crimes na França envolvendo liberdade de expressão e religião, o conceito passa a ir para um outro destino, o extremo. Especialistas do assunto afirmam que o aumento do extremismo islâmico no território francês levou ao crescimento secularismo radical nos últimos anos.
No entanto, acredita-se que com o radicalismo secular, este possa ajudar o extremismo islâmico, e ambos terem os mesmos comportamentos, não se tolerando. Especialistas consultados pelo portal BBC News Mundo, acreditam que a nova tendência é a adesão do laicismo radical, que se divide em dois lados.
As duas correntes mais discutidas sob o ponto de vista de especialistas
Por um lado tem-se pessoas que apoiam a proibição total de qualquer manifestação e sinais de pertencimento religioso. Em um outro lado, há aqueles que anseiam em criar um ateísmo estatal, o qual promove políticas anti-religiosas e ateístas, contrariando ao laicismo em questão.
Há anos atrás a França e a União Soviética adotaram esse modelo de ateísmo de Estado. Porém, o que garante os especialistas é que nenhum desses lados corresponde a concepção inicial do secularismo, que nada mais é do que separar Estado e igrejas, sem as excluir da sociedade.