O formato como determinados peixes conseguem regenerar seus corações está sendo investigado por um grupo de cientistas na Europa, que pretende aplicar o mesmo procedimento biológico aos corações de seres humanos com o objetivo de reverter possíveis danos ocasionados após traumas.
Para os estudos estão sendo analisadas propostas baseadas no funcionamento do organismo de uma variação do peixe de água doce Astyanax Mexicanus, conhecido também pelo nome popular de peixe caverna, encontrado em rios e riachos localizados no México e no Texas.
Porém, vale ressaltar sua existência como um segundo tipo encontrado em poços profundos de cavernas, ele é cego e apresenta cor branca com detalhes em tons rosados. Graças à evolução da espécie, este conta com papilas gustativas e maior sensibilidade nas linhas de detecção de vibração.
Peixe caverna não possui alta reparabilidade genética
Um dos aspectos destacados pelos cientistas é a incapacidade do peixe caverna em regenerar tecidos cardíacos danificados, feito que o tipo mais comum da espécie consegue. Tal novidade pode facilitar o entendimento referente ao processo utilizado para que o reparo ao trauma ocorra.
Estudos alternativos ainda defendem que, durante a evolução, o peixe caverna conseguiu se adaptar ao ambiente que reside, bem como à pouca luminosidade do local. Ele também é capaz de viver mais em caso de escassez de alimentos, pois seu metabolismo diminuiu muito.
“Se entendermos o mecanismo, isso pode nos ajudar a desenvolver novas maneiras de promover o reparo do coração humano”, explicou Gennaro Ruggiero, biólogo molecular e participante do estudo.
Possível fonte de novas células cardíacas
No desenvolvimento dos estudos, os cientistas envolvidos na iniciativa conseguiram descobrir que ambas variações da espécie são capazes de produzir novas células do coração muito semelhantes com as que já haviam antes da lesão cardíaca acontecer.
Foi concluído que na espécie menos comum do peixe caverna, a capacidade aconteceu com uma forte cicatriz e resposta imunológica. Ruggiero explicou que este comportamento, ainda em investigação, pode influenciar na produção de novas células cardíacas.
Estudos sobre o peixe podem esclarecer vivência ancestral
O vertebrado aquático ainda pode auxiliar estudos sobre a saúde de ancestrais e como a mesma pode influenciar no futuro da espécie, bem como dos humanos. A pesquisa é feita a partir da comparação de mapas genéticos que permitirão categorizar os genes e proteínas de acordo com sua importância na regeneração cardíaca.
“Queremos encontrar compostos que sejam capazes de induzir diferenças nas proteínas da matriz extracelular, especialmente aquelas que aumentam a regeneração, não a cicatriz”, disse Ruggiero.