Já ouviu que a terra é plana? Afinal, se chama planeta e não “redondeta”. Brincadeiras a parte, esse é o ápice de algo que tem crescido com certa força, no Brasil e até mesmo no mundo, a anticiência, isso é, um pensamento de negação da ciência.
E, se você está pensando que esse é um pensamento de pessoas analfabetas, na verdade não. Para você ter ideia, há estudos que mostram que nos Estados Unidos da América 66% dos jovens entre 18 e 24 anos têm 100% de certeza que a terra é de fato, redonda.
E, enquanto nos Estados Unidos 44% dos jovens têm dúvidas em relação ao formato da terra, aqui no Brasil, uma pesquisa realizada pelo Datafolha revela que 7% da população tem certeza que a terra é plana. E, quem dera fosse só esse o pensamento do contra da anticiência
Mas, por que será que isso tem crescido tanto no Brasil nesses últimos anos?
Anticiência, entendendo um pouco mais
Falar que a terra é plana é o ápice da anticiência, contudo, como foi falado ali em cima, quem dera se resumisse nisso. Com o crescimento dessa negação da ciência, outras crenças bem mais prejudiciais à sociedade de modo geral tem ganhado forças.
Outro exemplo de consequência da anticiência é o movimento antivacina, que afirma que as vacinas são, na verdade, prejudiciais. E sabe qual foi a consequência desse movimento? Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 2016 e 2017 os casos de sarampo subiram 400% na Europa.
No Brasil, uma das principais consequências do crescimento desse pensamento é o aumento do desmatamento, visto que, para quem é adepto à anticiência, o aquecimento global e as mudanças climáticas não existem e que desmatar não é um problema.
Por que tem crescido tanto?
Segundo o cientista Ricardo Galvão a anticiência cresceu, em julho do ano passado, quando o presidente tomou uma atitude desqualificando os dados fornecidos pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Mas, as tensões, para ele, tiveram início ainda em Janeiro, quando a comunicação com o INPE foi cortada pelo Ministério do Meio Ambiente.
Já o colunista da CBN, o Dr. Luís Fernando Correia, afirma que o que mais dá forças à esse pensamento, é uma comunicação mais efetiva e eficiente do que a do corpo científico, isso é, ele afirma que o discurso anti cientista é bem mais atrativo e sedutor. Ele ainda faz uma crítica aos cientistas por perderem espaço para um monte de charlatões.
Para a diretora do laboratório de neurociência integrada, Susana Martínez-Conde, da universidade de New York, o crescimento desse pensamento é consequência de uma desconfiança sobre o conhecimento especializado, além de uma maneira equivocada de entender o ceticismo.
Além disso, os estudos desenvolvidos por aqueles que são adeptos à anticiência mostra que essas pessoas acreditam estarem seguindo a lógica e que eles estão seguindo um raciocínio científico.
Consequências desse pensamento
Um dos maiores problemas quando se fala do crescimento de uma ideologia é de quando ela chega nos poderes políticos, afinal, se o desmatamento não influencia o clima, por que impedir o desmatamento?
E não apenas isso, mas, quando acreditam que a vacina é prejudicial e ela deixa de ser tomada, ou quando se fuma demasiadamente desconsiderando os avisos do Ministério da Saúde, afirmando ser uma coisa que não faz mal.
Sendo assim, as consequências mais graves a curto prazo desse pensamento estão ligadas à saúde e preservação do meio ambiente, já olhando a longo prazo, as consequências podem acabar sendo devastadoras ao pensamento científico.