Com as últimas eleições municipais realizadas no último domingo (15), e com alguns resultados já definidos, foi possível observar algumas minorias, como mulheres, negros e pessoas LGBTQIA+ ocupando espaços que antes lhe pareciam distantes de serem alcançados.
A vitória de mulheres, negros e pessoas da comunidade LGBTQIA+ que conquistaram suas cadeiras no espaço da prefeitura de suas cidades, demonstram também ser uma vitória social de milhares de pessoas que fazem parte destas minorias em diferentes cidades e estados brasileiros.
Infelizmente, a conquista destes espaços por parte dessas pessoas, não é comemorada por todos. Um exemplo disto ocorreu em Joinville (SC), quando a primeira vereadora negra eleita na cidade passou a se tornar vítima de ameaças e ataques racistas.
Primeira vereadora negra de Joinville sofre ameaça
A professora e servidora pública aposentada, Ana Lúcia Martins, do Partido dos Trabalhadores, foi eleita a primeira vereadora negra de Joinville (SC) com cerca de 3126 votos. A cidade que fica localizada à mais de 100 km da capital Florianópolis.
A eleição da vereadora, além de entrar para a história por ser a primeira mulher negra a ocupar este espaço, também retoma o Partido dos Trabalhadores (PT) para a Câmara dos Vereadores, que não havia elegido nenhum de seus candidatos desde o ano de 2016.
Após a apuração das urnas e a divulgação de dados mostrando a vitória da candidata, a mesma passou a receber diversos ataques racistas e até mesmo ameaças de morte em redes sociais. Segundo a vereadora eleita, alguns dos comentários insinuavam o possível assassinato da mesma, para que outro, candidato branco, fosse colocado em seu lugar.
Delegacia da mulher intervém no caso
Os ataques ocorreram por meio de perfis falsos de pessoas que se dizem parte de um grupo, chamado “juventude hitlerista”. A Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami) abriu um inquérito na tarde da última quarta-feira (18) para apurar os crimes de injúria racial e ameaça.
O inquérito foi aberto logo após ser realizado um boletim de ocorrência acusando a presença destes crimes. A vereadora afirma que tais ameaças começaram a serem feitas antes mesmo dos resultados serem apurados e evidenciaram a insatisfação pelo fato de ser a primeira mulher negra eleita vereadora na cidade.
Candidatos negros e pardos nas eleições 2020
Pela primeira vez na história a quantidade de candidatos negros e pardos superou a de brancos nas eleições municipais brasileiras. Dados do TSE apontaram que 49,9% dos candidatos eram negros ou pardos.
O Tribunal passou a coletar dados raciais dos candidatos no ano de 2014. Mas, mesmo com a quantidade superior referente à candidatos brancos, a maioria dos eleitos após o primeiro turno foram homens e brancos, perpetuando o cenário “comum” das eleições brasileiras.