Nesta semana, um ex-motorista da Uber na Califórnia (EUA) abriu um processo contra a companhia de mobilidade urbana. Segundo ele, o sistema interno utilizado para avaliar e classificar os motoristas da plataforma facilita a discriminação racial.
Thomas Liu, de San Diego, entrou com uma ação federal nos Estados Unidos. Ele afirmou que foi desligado como motorista da plataforma em 2015 após sua avaliação por parte dos passageiros cair para menos de 4,6.
De acordo com a queixa de Liu, a Uber está ciente da possibilidade dos passageiros discriminarem seus motoristas nas avaliações, mas opta por continuar com o mesmo sistema, tornando assim a companhia responsável por discriminações raciais.
Ação judicial é movida por possível discriminação racial
Quatro anos atrás, Liu fez o mesmo pedido ao Comitê de Oportunidades Iguais para Funcionários dos EUA, que em agosto se recusou a tomar posição sobre sua reclamação. Isso permitiu que ele apresentasse o caso ao Tribunal Federal. Nessa ocasião, a Uber considerou a ação frágil.
A ação judicial movida pode ser considerada como importante uma vez que outras plataformas utilizam sistemas de classificação semelhantes ao Uber. Assim, outros funcionários podem acabar passando por situações parecidas com a ocorrida, independente da área de atuação.
Potenciais passageiros, segundo Liu, cancelavam as solicitações após conferirem sua foto e realizarem perguntas sobre sua origem de forma rude. O processo iniciado visa a representação de uma classe de motoristas parceiros da plataforma que possuem queixas semelhantes.
Segundo Uber, motoristas são empreendedores
O Uber há muito insiste que os motoristas não são funcionários, mas empresários. No entanto, a ação argumenta que a empresa não trata seus motoristas como autônomos, mas como funcionários, os mantendo em padrões específicos de qualidade, exigindo treinamento e fixação de salários.
A empresa também criou uma variedade de ferramentas para gerenciar seus motoristas, desde técnicas psicológicas, até um sistema de supervisão de algoritmo que indica quando, onde e como dirigir. Contudo, a empresa afirmou que os motoristas não são essenciais para os negócios.
Ação ocorre em momento crítico
A medida tomada pelo ex-motorista está em operação durante um momento de decisão sobre a Proposição 22, da Lei AB 5, que prevê que o status dos motoristas de plataformas de carona sejam consolidados como empreendedores independentes, e não funcionários de uma companhia.
O eleitorado californiano vai votar sobre questão na próxima terça (3). A lei exige que empresas gigantes como Uber, Lyft e Doordash forneçam aos funcionários proteção para horas extras, salário mínimo, reembolso de milhas e benefícios de saúde.